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01 setembro, 2010

Luna, a menina que via monstros dentro do armário!

Luna tinha 5 anos e vivia numa casa com jardim, situação rara, pois hoje em dia quase nenhum menino ou menina mora numa casa assim. Habitava com o pai, a mãe, o gato Ronrom, a tartaruga Mica, o rato Miau e o ursinho cor-de-rosa Plim. Esta menina gostava muito de brincar com as pedrinhas da terra, de molhar os pés na água do lago e de andar descalça pela relva. A mãe (como todas as mães) passava os dias a chamar-lhe a atenção, pois receava que ela ficasse doente. Mas era tão bom brincar assim, que mal a mãe virava as costas, Luna voltava a descalçar-se, a molhar os pés e a correr atrás das pombas e pássaros – ela achava que eles brincavam com ela às corridas, mas de facto, eles tinham muito medo dela.

E todos os seus dias seriam assim especiais, se não fosse um pequeno pormenor… a noite chegar e ela ter de ir dormir. Quando a mãe fechava os estores era o sinal de que em breve teria de ir para a sua cama descansar e isso não era nada bom para ela. Sabem porquê? Começava a ouvir sons que vinham de dentro do armário do seu quarto – por vezes eram canções, outras vezes gargalhadas. Luna achava que dentro do seu armário havia monstrinhos que saíam de lá quando ela adormecia. Durante a noite ela não podia dormir com os pés ou as mãos de fora; tapava-se e só deixava o nariz à espreita para poder respirar. Sabem o que é que acontecia? Os monstrinhos vinham fazer-lhe cócegas nos pés, mas ela como tinha muito medo, imaginava que eles vinham buscá-la e levá-la para muito longe do aconchego da sua casa, dos seus brinquedos e dos seus pais. Então, quando isso acontecia, chamava pelos pais ou corria para a sua cama abraçando-se a eles com muita força. Sentia-se muito bem assim e o medo desaparecia.

O que ela achava mais intrigante nisto tudo, é que todos os dias antes de se deitar costumava abrir o armário para ver se descobria alguma coisa, mas o que via era sempre o mesmo – as suas roupas, sapatos e outras coisas mais. Nada de especial ou assustador.

O que é que ela haveria de fazer para resolver este mistério? Tinha tanto medo, que quando fechava os olhos, só via a cara dos monstrinhos do armário a olhar para ela. Eram feitos de esponja preta, tinham uns olhos vermelhos que mais pareciam duas gomas de morango e cheiravam a borracha. Mexiam-se muito rápido e andavam sempre a pular de um lado para o outro. Pois vejam só o que aconteceu. Certa noite, estava a nossa amiga Luna já deitada e tapada até ao nariz, quando de repente ouviu uma voz a chamar por ela – Luna, Luna….

Ela tremeu dos pés à cabeça. Quem é que estaria a chamar por ela? Bem, mas apesar de ter medo, Luna era uma menina muito curiosa e agarrando-se à sua almofada verde, não resistiu e saiu da cama. De repente, ouviu o barulho de um tambor: tum, tum, tum e alguém a dizer: Luna, não me apanhas, não me apanhas, não me apanhas e a seguir muitas gargalhadas. Cada vez mais intrigada, aproximou-se do armário, pois tudo isto parecia estar a acontecer ali dentro. No meio do escuro, só com a luzinha de presença que a mãe deixava ligada, ela olhou para o armário e a porta do lado esquerdo estava entreaberta. A porta abriu-se e ela arregalou os olhos. Nem vão acreditar no que aconteceu… uma mão comprida e fininha saiu de lá e ofereceu-lhe um chupa-chupa de morango, que por sinal até era o seu favorito. Ela sorriu de espanto e parecendo ter-se esquecido do medo que sentia, perguntou-lhe o nome. Chamo-me Delfim, respondeu ele a cantar. O monstrinho parecia uma pessoa em miniatura; era baixinho, tinha umas orelhas pontiagudas, nariz vermelho, barbas compridas e usava na cabeça um chapéu alto em forma de triângulo. O mais bonito era o seu sorriso maroto. Delfim explicou-lhe que todas as noites se sentia um pouco só e por isso ia fazer-lhe cócegas nos pés, para que ela brincasse com ele. Mas todos os dias ficava triste pois ela, nunca queria brincar com ele e pior que isso, tinha medo dele. Ela começou a perceber….realmente um monstrinho que lhe oferecia um chupa-chupa, não poderia ser assim tão assustador como tinha pensado inicialmente. Então, combinou com o Delfim, que a partir daquele dia e quando estivesse a dormir, ele poderia chamá-la e juntos passariam a noite a inventar brincadeiras.

E a partir daquele dia e como que por magia, Luna reparou que tinha deixado de ter medo do escuro. Afinal, agora tinha um novo amigo.

FIM.