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21 novembro, 2010

Já nas bancas: O espelho mágico da ursinha Lola

A ursa Lola era grande e muito peluda. A sua cauda curta e as suas orelhas pequenas e arredondadas davam-lhe um ar delicado.

Pesava 300 quilos, pois era muito comilona e media 2 metros de altura. Vivia no bosque das árvores vermelhas e a sua casa era numa caverna, lugar por sinal muito acolhedor, pois Lola gostava de a ter sempre bonita. Enchia-a de flores, folhas coloridas e perfumadas, com as quais fazia uma cama muito fofa, onde descansava à noite e durante os longos meses que passava em hibernação. Na caverna, havia um espelho muito grande e especial; era mágico. Por baixo do espelho havia um letreiro que dizia: “neste espelho te olharás e ao pedires o teu desejo, nele te transformarás”. Lola desconhecia qual o significado destas palavras, mas gostava muito de se sentar em frente ao espelho a conversar com ela própria. Por vezes, sentia-se muito triste pois não se achava muito bonita. E o pior de tudo, era considerar que tinha sido uma infelicidade ter nascido uma ursa peluda, grande e comilona. “Que desajeitada que eu sou”, murmurava ela ao espelho.

Esta ursinha tinha muitos amigos e amigas e cada um deles tinha uma certa particularidade. O pássaro por exemplo, passava o dia a cantar; o peixe mergulhador era conhecido pelas suas belas barbatanas azuis, o pavão era o mais vaidoso, por causa da sua cauda colorida e por fim, a menina-nuvem, era muito brincalhona e tinha os cabelos compridos, feitos de pedaços de nuvem branca.

Certo dia, estava Lola numa dessas conversas com o espelho mágico, quando de repente começaram a acontecer coisas muito esquisitas.

Dizia ela:

- Se eu tivesse asas como os passarinhos, passaria os dias a voar e a saltitar; poderia ir para cima das árvores mais altas e dos montes longínquos. Imediatamente cresceram-lhe umas asas cor-de-laranja enormes que, cintilavam no escuro.

Lola nem queria acreditar naquilo que os seus olhos viam.

Toda contente e nunca satisfeita, continuou:

- Ai, se eu pudesse nadar como os peixinhos, poderia mergulhar nas águas dos lagos, dos rios e do mar e ficar lá no fundo o tempo que me apetecesse. Nesse preciso momento, nasceram nas suas pernas umas barbatanas azuis muito brilhantes.

O entusiasmo de Lola era cada vez maior e por isso continuou a lamentar-se:

- Olhem para mim...nem uma cauda de jeito eu tenho. Os pavões, esses sim, têm lindas plumagens, cheias de cores e feitios. Como que por magia, nasceu-lhe uma cauda muito comprida a arrastar pela terra, semelhante à de um pavão.

A ursa Lola sentia-se cada vez mais eufórica com estas mudanças e já que o espelho parecia concretizar todos os seus desejos, decidiu pedir um último.

- Espelho mágico, se eu tivesse uns cabelos compridos feitos de pedaços de nuvem, como a menina que costuma vir passear para o bosque, então é que eu ficaria linda; poderia fazer penteados diferentes todos os dias. Mal tinha acabado de dizer a última palavra e já uns fios de cabelo, nasciam na sua cabeça com tal rapidez que num instante, chegaram a meio das costas.

Muito contente consigo própria e confiante de que seria agora a mais bonita da floresta, decidiu ir dar um passeio para que todos a pudessem ver e admirar. Pelo caminho encontrou a menina-nuvem que cheia de espanto lhe disse:

- Ah…o que é que te aconteceu? Não pareces a mesma ursinha vaidosa que estou habituada a ver. Estás muito estranha. Pareces…pareces… uma foca com asas. E dito isto, deu uma enorme gargalhada. Lola não ficou nada contente com este comentário, pois não se achava nada parecida com uma foca. Além disso, as focas cheiravam a peixe e ela cheirava muito bem; tinha até um frasquinho de perfume feito com as mais belas flores da floresta. Aborrecida com as palavras da menina, virou costas e continuou o seu passeio. Mas todos os comentários dos amigos que encontrou, a aborreceram.

- Tens uma voz muito desafinada para seres um passarinho, disse o pássaro;

- Que pena, disseram o peixe e o pavão, tinhas um pelo azul tão bonito. Agora com barbatanas e cauda, queremos ver como é que vais poder correr e trepar pelas árvores como gostas tanto de fazer!

A ursa Lola ficou tão triste que resolveu voltar para casa. Ao olhar novamente para o espelho e muito zangada disse-lhe:

- Desde que te conheci, só me aconteceram coisas más; agora até os meus amigos gozam comigo e perguntam o que me aconteceu. Estou mesmo diferente, tão diferente que nem pareço uma ursa. Gostava tanto de voltar a ser como era antigamente: não ter asas, nem barbatanas, nem cauda e muito menos cabelo. Nasci uma ursa e assim quero viver. Nesse instante caíram sobre ela mil estrelinhas prateadas que a fizeram adormecer profundamente. Lola ainda ouviu uma voz dizer “neste espelho te olharás e ao pedires o teu desejo, nele te transformarás”

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