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06 janeiro, 2011

Lau e Leo: história publicada.




















Na Revista Coisas de Criança, em Janeiro/2011

Lau e Leo

Era uma vez dois primos chamados Laura e Leonardo que tinham 5 anos e viviam na vila de Laguna, sitio conhecido pelo seu imenso lago de águas verdes. Esta vila era muito particular pois todos os nomes dos seus habitantes começavam pela letra L. Além disso, dizia-se que aquele lugar era protegido pela fada Elfie, que morava no cimo da montanha e de lá conseguia ver tudo o que se passava. Ela era muito bonita, com as suas asas brancas e a sua capa vermelha feita de mil borboletas. Contavam os mais velhos que Elfie era a fada do amor e da partilha; andava pelo mundo a tentar fazer com que as pessoas fossem mais amigas umas dasoutras. Segundo a história, ela tinha um saco onde estava guardada a chave que servia para abrir um baú mágico. No entanto, nunca ninguém a tinha visto.
Lau e Leo, nomes pelos quais eram conhecidos, tinham nascido com um intervalo de 3 meses e por isso tinham crescido juntinhos, como se fossem dois irmãos de brincadeiras. Eram muito diferentes e talvez por isso mesmo, fosse tão divertido estarem juntos. Lau era uma menina ruiva, de imensos olhos pretos que adorava olhar para tudo o que a rodeava. Tinha dois passarinhos como animais de estimação: o Pinóquio e a Pinóquia, que viviam no jardim da sua casa. Uma das suas brincadeiras preferidas era colecionar tampas de garrafas de sumo e depois dividi-las por cores. Leo era um menino de cabelo encaracolado e olhar travesso, que andava sempre de boné vermelho. Gostava muito de colecionar coisas e no seu quarto havia tantos jogos e bonecos que ele nem sabia decidir com o que brincar. Apesar disso, pedia constantemente aos pais novos brinquedos.Lau admirava muito o seu primo Leo, pois este era muito inteligente e conseguia fazer jogos muito difíceis O que a entristecia era o facto doprimo fazer birras por não querer emprestar os seus brinquedos aos outros meninos e a ela própria também. Na vila de Laguna existiam muitas crianças. Mesmo ao lado da casa de Leo e Lau vivia a família Nicolau. O pai Luís tinha ficado desempregado e aquilo que a mãe Linda ganhava mal chegava para comprar a comida para alimentar os três filhos, Luana, Lígia e Lucas.

Lau brincava muitas vezes com eles e geralmente Leo, apesar de ficar à janela ansioso por ir para o pé deles, acabava por se fechar no seu quarto, pois recusava-se a levar os seus brinquedos para que todos pudessem divertir-se. Leo achava que não tinha nada que emprestar aquilo que era só dele. Assim, mesmo que a sua prima insistisse e o chamasse para junto deles, acabava por ficar sozinho junto de todas as coisas que tinha. Lau, como não dava nenhuma importância a nada disto, emprestava-lhes as suas tampas coloridas e juntos corriam, riam e inventavam mil brincadeiras.
Um dia, já de noite, a mãe de Leo mandou-o para a cama dormir e este recusou-se, pois dizia não ter sono. Muito zangada com a sua teimosia, a mãe ordenou ao menino que fosse para a cama e lá esperasse que o sono chegasse. Mas nada sucedia. Leo teimava em permanecer de olhos abertos. Subitamente, começou a ouvir uma música muito baixinha que parecia vir do sótão Corajoso, saiu do quarto, subiu as escadas muito devagarinho para que a mãe não ouvisse barulho e lá foi ele ver o que se passava. Ficou muito espantado, pois a música vinha daquele boneco que a avó lhe tinha dado. Nunca lhe havia dado importância, pois tinha tantos brinquedos que se mexiam sozinhos, que aquele não lhe suscitava nenhum interesse. Era um boneco feito de tecidos de várias cores, doisolhos feitos de botões e a boca um sorriso bordado a vermelho; no lugar do coração tinha uma caixinha de música, que quando se dava corda, tocava uma música de embalar que fazia adormecer e sonhar.
Pegou nele e sentou-se na velha cama de ferro. Da pequena janela do sótão conseguia ver o céu; estava uma noite estrelada e a lua iluminava as ruas.
Subitamente algo estranho aconteceu. Ao olhar lá para fora viu uma menina a voar, que lhe pedia para entrar no sótão Abriu-lhe a janela e ela com uma voz doce disse-lhe olá e deu-lhe um beijinho na bochecha. Então, contou-lhe que nessa noite gostaria que ele fosse dar um passeio com ela, pois tinha uma coisa muito importante para lhe mostrar. Leo, ainda meio atordoado com o que se estava a passar, disse-lhe que sim. Elfie pegou nele ao colo e levou-o para fora de casa. Voaram por cima das casas da vila, do lago e pararam junto de uma casa. Elfie explicou-lhe que naquela casa vivia um menino chamado Leonardo. Ele ficou muito surpreeendido, pois ele também se chamava assim. No momento em que entraram na casa daquele menino, Leo apercebeu-se que era a sua própria casa e que aquele menino era ele. Mas quando entraram no quarto, Leo ficou ainda mais confuso e assustado também. No sítio onde antes existiam tantos brinquedos só havia agora uma pequena cama e espalhadas pelo chão estavam três ou quatro tampas coloridas. Nesse preciso momento lembrou-se de Lau e de como ela andava sempre bem-disposta. De repente a campainha tocou e eles foram ver quem era. Do cimo das escadas, Leo reconheceu os meninos que moravam perto de si e com os quais nunca queria brincar, para não ter de emprestar os seus brinquedos. As lágrimas começaram a cair pela sua cara quando viu que aqueles meninos vinham convidá-lo para brincar e que além disso queriam oferecer-lhe saco cheio de brinquedos, porque os pais dele não tinham dinheiro para essas coisas. Elfie deu a mão a Leo e disse-lhe que estava na hora de irem embora, pois não tardaria a amanhecer. No regresso a casa pararam perto do lago, junto à árvore dos tesouros. Então Elfie ofereceu-lhe uma chave e murmurou-lhe ao ouvido um segredo. Disse-lhe ela: - Esta chave abre o baú encantado que se encontra escondido nesta árvore. Ao abrires o baú sairá de lá uma luz muito forte, feita de todas as cores do arco-íris Essa luz irá espalhar-se em todas as direções Mas o que faz essa luz, perguntou-lhe Leo. Elfie, que começava a desaparecer da sua vista respondeu-lhe:
- Esta é a luz que iluminando todas as casas, faz o coração encher-se de amor. Adeus pequeno Leo.
Subitamente, ouviu-se uma voz vinda de longe.
- Leo, onde estás?
Assustado, abriu os olhos e reparou que tinha adormecido no sótão da sua casa. Quando viu a mãe ficou tão contente que se abraçou a ela. Esta, levou-o para a sua cama e acariciou-lhe os cabelos. Cheio de sono Leo ainda lhe perguntou:
- mamã, amanha posso dar alguns dos meus brinquedos aos meus amigos?