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04 janeiro, 2012

O Mundo Mágico do menino S.

O menino S. (S que poderia ser de Sarapintado, Saltimbanco ou Saltitão) não gostava de ir para a escola. Para ele era muito aborrecido ficar aquele tempo todo sentado a fazer fichas e a aprender letras e números. Tinha saudades da antiga escola, onde a educadora cantava canções engraçadas e inventava brincadeiras divertidas. Agora tudo tinha mudado. Era o primeiro ano que estava naquele lugar e a mãe dissera-lhe que iria aprender muitas coisas novas, como por exemplo a ler e a escrever. - Em breve poderás viajar sozinho pelas tuas histórias favoritas – dizia-lhe a mãe. Mas S. todos os dias desejava poder ficar em casa, na companhia do seu peixinho “Laranjinha”, simplesmente a brincar.

S. era um menino muito sonhador e arregalava os olhos quando via as imagens maravilhosas dos livros que a mãe lhe trazia da biblioteca. Desde bebé que viajava ao som das palavras que ela lhe contava todos os dias ao adormecer. Habituara-se àquele momento diário de acreditar em coisas fantásticas e que em segredo desejava serem reais - os animais falavam, os monstros dormiam com os meninos na cama e havia até pozinhos mágicos que resolviam qualquer situação.

A mãe dizia-lhe baixinho: - pozinhos mágicos para uma boa noite de sono....pozinhos mágicos para afastar os medos e os monstros...e ele acreditava no poder da magia que a mãe deixava cair sobre ele.

Uma noite, aconteceu-lhe ter um sonho muito estranho. Estava na escola e aconteciam coisas muito diferentes do habitual.

As letras iam falar com ele e diziam-lhe que tinham uma mensagem muito importante para lhe revelar. – Primeiro terás de aprender a ler – diziam elas. Intrigado foi ao baile do abecedário e desejou que aquela escola fosse mesmo verdadeira. À sua volta, as letras voavam de um lado para o outro e faziam rodas gigantes – o que queriam dizer não sabia, pois na sua vida real achava uma chatice ter de aprender aquelas coisas. Até os números serviam para algo. Por exemplo, sentou-se no número quatro que parecia uma cadeira. E correu muito rápido com os zeros que não paravam de se rebolar. Andou de baloiço na letra L e os is juntaram-se todos para lhe fazerem um escorrega gigante. Por fim, já cansado, encostou a cabeça na barriga da letra b (que tem uma barriga grande e fofinha) e adormeceu.

- S. acorda que são horas de ir para a escola – chamou a mãe. O menino acordou e logo fez aquele ar contrariado. – Que chatice, murmurou.

Nesse dia na escola, estava S. sentado na sua cadeira verde quando ouviu uma voz vinda de cima :

- Pssst, pssst...

- Quem és? Perguntou.

- Já não nos conhecesses?

S. olhou e soltou uma gargalhada – não podia acreditar.

- Tu és a letra b onde adormeci...e tu és a letra L onde me sentei...(S. não parava de dizer o nome de cada um dos seus novos amigos).

- Estás a ver como é divertido aprender...Sabes, temos uma surpresa para ti...

Repentinamente, as letras e os números dos cadernos começaram a sair do papel.

S. sentiu um abraço muito forte e pela primeira vez sorriu na sua escola nova.

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