13 setembro, 2012
Nova história, nas bancas em Outubro: O Pavão sabichão que não sabia cantar.
30 abril, 2012
Dom Coelho e Dona Galinha
05 março, 2012
Nova história: Nas bancas em Abril.

A próxima história que sairá na revista Coisas de Criança será sobre um Coelho muito vaidoso.
04 janeiro, 2012
Nova história: Nas bancas em Fevereiro.

O Mundo Mágico do menino S.

O menino S. (S que poderia ser de Sarapintado, Saltimbanco ou Saltitão) não gostava de ir para a escola. Para ele era muito aborrecido ficar aquele tempo todo sentado a fazer fichas e a aprender letras e números. Tinha saudades da antiga escola, onde a educadora cantava canções engraçadas e inventava brincadeiras divertidas. Agora tudo tinha mudado. Era o primeiro ano que estava naquele lugar e a mãe dissera-lhe que iria aprender muitas coisas novas, como por exemplo a ler e a escrever. - Em breve poderás viajar sozinho pelas tuas histórias favoritas – dizia-lhe a mãe. Mas S. todos os dias desejava poder ficar em casa, na companhia do seu peixinho “Laranjinha”, simplesmente a brincar.
S. era um menino muito sonhador e arregalava os olhos quando via as imagens maravilhosas dos livros que a mãe lhe trazia da biblioteca. Desde bebé que viajava ao som das palavras que ela lhe contava todos os dias ao adormecer. Habituara-se àquele momento diário de acreditar em coisas fantásticas e que em segredo desejava serem reais - os animais falavam, os monstros dormiam com os meninos na cama e havia até pozinhos mágicos que resolviam qualquer situação.
A mãe dizia-lhe baixinho: - pozinhos mágicos para uma boa noite de sono....pozinhos mágicos para afastar os medos e os monstros...e ele acreditava no poder da magia que a mãe deixava cair sobre ele.
Uma noite, aconteceu-lhe ter um sonho muito estranho. Estava na escola e aconteciam coisas muito diferentes do habitual.
As letras iam falar com ele e diziam-lhe que tinham uma mensagem muito importante para lhe revelar. – Primeiro terás de aprender a ler – diziam elas. Intrigado foi ao baile do abecedário e desejou que aquela escola fosse mesmo verdadeira. À sua volta, as letras voavam de um lado para o outro e faziam rodas gigantes – o que queriam dizer não sabia, pois na sua vida real achava uma chatice ter de aprender aquelas coisas. Até os números serviam para algo. Por exemplo, sentou-se no número quatro que parecia uma cadeira. E correu muito rápido com os zeros que não paravam de se rebolar. Andou de baloiço na letra L e os is juntaram-se todos para lhe fazerem um escorrega gigante. Por fim, já cansado, encostou a cabeça na barriga da letra b (que tem uma barriga grande e fofinha) e adormeceu.
- S. acorda que são horas de ir para a escola – chamou a mãe. O menino acordou e logo fez aquele ar contrariado. – Que chatice, murmurou.
Nesse dia na escola, estava S. sentado na sua cadeira verde quando ouviu uma voz vinda de cima :
- Pssst, pssst...
- Quem és? Perguntou.
- Já não nos conhecesses?
S. olhou e soltou uma gargalhada – não podia acreditar.
- Tu és a letra b onde adormeci...e tu és a letra L onde me sentei...(S. não parava de dizer o nome de cada um dos seus novos amigos).
- Estás a ver como é divertido aprender...Sabes, temos uma surpresa para ti...
Repentinamente, as letras e os números dos cadernos começaram a sair do papel.
S. sentiu um abraço muito forte e pela primeira vez sorriu na sua escola nova.
09 novembro, 2011
Nova História:O mundo mágico do menino S. : nas bancas em Dezembro.

27 outubro, 2011
Nova História: O Leão Marajá e a Tartaruga Turra

Há muito tempo atrás lá para os lados da Ásia existia uma floresta separada do resto do mundo. Olímpia era um lugar reservado e mantido em segredo do resto do planeta Terra. Conta a história que um dia, já cansado de tantas guerras e destruição o velho das montanhas mais altas do mundo decidiu começar tudo de novo. Partiu em cima do seu amigo burro, levando com ele a bagagem acumulada ao longo dos anos. Por onde passava havia sempre algum animal (as pessoas não eram muito dadas a grandes aventuras) que lhe perguntava: - Para onde vais? Ele respondia sempre o mesmo: - Vou começar um mundo novo e mágico. Sempre que isto acontecia, um animal passava a acompanhá-lo. Quando chegou ao seu destino havia elefantes, girafas, pinguins, lémures, ratos, focas, tigres, leões, cobras e muitos outros animais. Mas adivinhava-se uma grande confusão neste lugar e o velho resolveu reunir todos para em conjunto elaborarem a Lei da Paz e do Sossego. Constava neste documento que estava expressamente proibido que os animais se comessem uns aos outros. No principio ficaram um pouco confusos, principalmente os que andavam sempre atrás dos coelhos e dos veados. Mas o velho tinha uma solução – mágica. Da sua sacola retirou umas sementes enormes e brilhantes. Espalhou-as pela terra e subitamente brotaram árvores repletas de frutos muito estranhos.
Dessas árvores gigantes caíam diariamente frutos de diversas cores e cada animal já sabia o que comer. Por exemplo, o tigre comia os pedaços vermelhos, com sabor a carne; o veado comia os de cor verde (com sabor a erva e folhas fresquinhas); o pinguim (que vivia nas rochas do mar gelado) petiscava as sementes com sabor a peixe...e todos os dias as árvores se renovavam. Não havia separações entre eles, pois naquele lugar todos tinham a sua casa com tudo o que precisavam. Não havia lutas e nenhum animal se sentia em perigo ou era ameaçado pelos outros. E tudo correu bem até ao dia em que o Leão Marajá acordando mal disposto, a cauda a agitar rapidamente e rugindo bem alto disse:
- Estou cheio de fome, cheio de fome – quero comer muito, até não aguentar mais; afinal quem é o maior e mais forte de todos os animais? Claro que sou eu. Não tenho que obedecer a um velho que acha que manda em toda esta floresta. A partir de agora iremos ver quem é que irá reinar! Sacudiu a juba escura e saiu de casa.
Aquele lugar que outrora era pacífico tornou-se amedrontador. Emboscada atrás de emboscada Marajá capturava o que era apetitoso e lhe satisfazia a gula. Os habitantes passaram a sair de casa somente à noite, pois era o único momento em que de barriga repleta, o leão adormecia num longo ronco. Quando se dirigiram ao velho que os trouxera para ali ele sabiamente murmurou: - Marajá terá o castigo que merece; reuniremos na próxima noite de lua cheia junto ao lago de fogo (de certo, o leão tinha pavor de fogueiras e nunca se aproximaria dali). Apesar do medo e da desconfiança todos respeitaram as palavras do velho das montanhas mais altas do mundo. Quando certa noite a lua iluminou o céu todos correram para o lugar marcado – não havia tempo a perder. Mal o velho falou as primeiras palavras todos se calaram num silêncio absoluto (exceto o ronco do leão que descansava do repasto). Disse ele:
- Meus companheiros e companheiras, sempre desejei viver num sítio em que a harmonia fosse o mais importante; onde a paz e o sossego fosse o sonho de todos. Mas como sempre, há alguém que com o seu egoísmo está a tentar estragar os nossos planos. Por isso está na hora de lhe ser dada uma lição.
Sem grandes explicações o velho pediu aos habitantes que arranjassem comida e água para uma semana e se mantivessem em casa.
Assim, quando na manhã seguinte o Leão Marajá saiu para caçar achou muito estranho toda aquela tranquilidade; nada parecia mexer-se e não havia nem um mísero ratinho a correr para que lhe saltasse em cima e o comesse de uma só vez. Bem amanhã será diferente, pensou ele. Mas não foi. Todos os dias que se seguiram foram exatamente iguais a essa manhã. Então passou a ouvir-se um outro ronco: o ronco de fome que provinha do seu estômago.
Passados 5 dias já Marajá andava desesperado de um lado para o outro, gemendo: - ai, ai que vou morrer de tanta fome que tenho, ai, ai, ai. Foi então que a Tartaruga Turra (caminhando muito devagarinho) foi ter com ele.
Ela disse:
- Olá Marajá o que se repassa contigo que só te oiço gritar e chorar?
- Grrrrr, estou cheio de fome e não há nada para caçar.
- Já pensaste em comer o que todos nós comemos desde que aqui chegamos?
- Nem pensar; eu sou um leão destemido e sempre cheio de fome: tenho que comer trinta quilos de carne por dia; não quero saber de ser amigo dos meus alimentos; ninguém manda em mim porque eu sou o Rei da floresta.
- Então só te resta uma solução...
- Qual, tartaruga Turra?
- Comeres-me a mim.
-Hummm, uma tartaruga?
- Tenho uma carninha muito tenrinha e saborosa, sabias?
- Hummmm
A boca de Marajá encheu-se de água com o pensamento de poder saborear uma refeição tão requintada. Sem pensar muito saltou para cima da tartaruga. Mas nesse mesmo instante Turra enfiou-se dentro da sua carapaça (dura como pedra) e assim que Marajá, com os seus dentes afiados a mordeu sentiu uma dor enorme.
A tartaruga Turra não conseguindo parar de se rir, disse-lhe:
- Marajá, és o primeiro Leão desdentado que conheço!
A partir desse dia, o Leão Marajá passou a comer todos os dias os frutos vermelhos que caiam das árvores e o velho das montanhas sentiu finalmente que o seu sonho se tinha tornado realidade.
Publicada na Revista Coisas de Criança.
Ilustração de Patricia Sousa.
21 junho, 2011
O Leão Marajá e a Tartaruga Turra.

Próxima história publicada na Revista Coisas de Criança:
24 maio, 2011
Já nas bancas: Tobias, o assobiador!

10 março, 2011
Novidade: histórias de Alice fazem sonhar mais longe!
Nova História: As travessuras de Lili.

- Podiamos brincar juntos, retorquiu Gaspar, ignorando o que ela dizia.
- Brincar? Ainda agora me fizeste cair e gozaste comigo; não gosto nada disso, respondeu Lili.
Então Gaspar com um sorriso maroto nos lábios disse-lhe:
- Então somos iguais, pois por aquilo que sei ninguém quer brincar contigo na escola, exactamente pelos mesmos motivos. Estas palavras deixaram a menina em silêncio; após pensar um pouco murmurou envergonhada:
- Está bem. Podemos brincar juntos mas sempre que me pregares alguma partida, faço-te desaparecer.
Foi assim que aos 5 anos de idade Lili encontrou um amigo muito especial: um amigo mágico – só Lili o conseguia ver. Aparecia e desaparecia num abrir e fechar dos olhos. Em pouco tempo, Gaspar tornou-se o companheiro de todas as aventuras da menina ruiva e rechonchuda.E naquela manhã – de sol - quando a menina saiu do quarto para ir tomar o pequeno-almoço, pediu à mãe um saco de caramelos para dar aos meninos e meninas da sua sala dos cinco anos.
06 janeiro, 2011
Lau e Leo: história publicada.

Era uma vez dois primos chamados Laura e Leonardo que tinham 5 anos e viviam na vila de Laguna, sitio conhecido pelo seu imenso lago de águas verdes. Esta vila era muito particular pois todos os nomes dos seus habitantes começavam pela letra L. Além disso, dizia-se que aquele lugar era protegido pela fada Elfie, que morava no cimo da montanha e de lá conseguia ver tudo o que se passava. Ela era muito bonita, com as suas asas brancas e a sua capa vermelha feita de mil borboletas. Contavam os mais velhos que Elfie era a fada do amor e da partilha; andava pelo mundo a tentar fazer com que as pessoas fossem mais amigas umas dasoutras. Segundo a história, ela tinha um saco onde estava guardada a chave que servia para abrir um baú mágico. No entanto, nunca ninguém a tinha visto.
Lau e Leo, nomes pelos quais eram conhecidos, tinham nascido com um intervalo de 3 meses e por isso tinham crescido juntinhos, como se fossem dois irmãos de brincadeiras. Eram muito diferentes e talvez por isso mesmo, fosse tão divertido estarem juntos. Lau era uma menina ruiva, de imensos olhos pretos que adorava olhar para tudo o que a rodeava. Tinha dois passarinhos como animais de estimação: o Pinóquio e a Pinóquia, que viviam no jardim da sua casa. Uma das suas brincadeiras preferidas era colecionar tampas de garrafas de sumo e depois dividi-las por cores. Leo era um menino de cabelo encaracolado e olhar travesso, que andava sempre de boné vermelho. Gostava muito de colecionar coisas e no seu quarto havia tantos jogos e bonecos que ele nem sabia decidir com o que brincar. Apesar disso, pedia constantemente aos pais novos brinquedos.Lau admirava muito o seu primo Leo, pois este era muito inteligente e conseguia fazer jogos muito difíceis O que a entristecia era o facto doprimo fazer birras por não querer emprestar os seus brinquedos aos outros meninos e a ela própria também. Na vila de Laguna existiam muitas crianças. Mesmo ao lado da casa de Leo e Lau vivia a família Nicolau. O pai Luís tinha ficado desempregado e aquilo que a mãe Linda ganhava mal chegava para comprar a comida para alimentar os três filhos, Luana, Lígia e Lucas.
Lau brincava muitas vezes com eles e geralmente Leo, apesar de ficar à janela ansioso por ir para o pé deles, acabava por se fechar no seu quarto, pois recusava-se a levar os seus brinquedos para que todos pudessem divertir-se. Leo achava que não tinha nada que emprestar aquilo que era só dele. Assim, mesmo que a sua prima insistisse e o chamasse para junto deles, acabava por ficar sozinho junto de todas as coisas que tinha. Lau, como não dava nenhuma importância a nada disto, emprestava-lhes as suas tampas coloridas e juntos corriam, riam e inventavam mil brincadeiras.
Um dia, já de noite, a mãe de Leo mandou-o para a cama dormir e este recusou-se, pois dizia não ter sono. Muito zangada com a sua teimosia, a mãe ordenou ao menino que fosse para a cama e lá esperasse que o sono chegasse. Mas nada sucedia. Leo teimava em permanecer de olhos abertos. Subitamente, começou a ouvir uma música muito baixinha que parecia vir do sótão Corajoso, saiu do quarto, subiu as escadas muito devagarinho para que a mãe não ouvisse barulho e lá foi ele ver o que se passava. Ficou muito espantado, pois a música vinha daquele boneco que a avó lhe tinha dado. Nunca lhe havia dado importância, pois tinha tantos brinquedos que se mexiam sozinhos, que aquele não lhe suscitava nenhum interesse. Era um boneco feito de tecidos de várias cores, doisolhos feitos de botões e a boca um sorriso bordado a vermelho; no lugar do coração tinha uma caixinha de música, que quando se dava corda, tocava uma música de embalar que fazia adormecer e sonhar. Pegou nele e sentou-se na velha cama de ferro. Da pequena janela do sótão conseguia ver o céu; estava uma noite estrelada e a lua iluminava as ruas.
Subitamente algo estranho aconteceu. Ao olhar lá para fora viu uma menina a voar, que lhe pedia para entrar no sótão Abriu-lhe a janela e ela com uma voz doce disse-lhe olá e deu-lhe um beijinho na bochecha. Então, contou-lhe que nessa noite gostaria que ele fosse dar um passeio com ela, pois tinha uma coisa muito importante para lhe mostrar. Leo, ainda meio atordoado com o que se estava a passar, disse-lhe que sim. Elfie pegou nele ao colo e levou-o para fora de casa. Voaram por cima das casas da vila, do lago e pararam junto de uma casa. Elfie explicou-lhe que naquela casa vivia um menino chamado Leonardo. Ele ficou muito surpreeendido, pois ele também se chamava assim. No momento em que entraram na casa daquele menino, Leo apercebeu-se que era a sua própria casa e que aquele menino era ele. Mas quando entraram no quarto, Leo ficou ainda mais confuso e assustado também. No sítio onde antes existiam tantos brinquedos só havia agora uma pequena cama e espalhadas pelo chão estavam três ou quatro tampas coloridas. Nesse preciso momento lembrou-se de Lau e de como ela andava sempre bem-disposta. De repente a campainha tocou e eles foram ver quem era. Do cimo das escadas, Leo reconheceu os meninos que moravam perto de si e com os quais nunca queria brincar, para não ter de emprestar os seus brinquedos. As lágrimas começaram a cair pela sua cara quando viu que aqueles meninos vinham convidá-lo para brincar e que além disso queriam oferecer-lhe saco cheio de brinquedos, porque os pais dele não tinham dinheiro para essas coisas. Elfie deu a mão a Leo e disse-lhe que estava na hora de irem embora, pois não tardaria a amanhecer. No regresso a casa pararam perto do lago, junto à árvore dos tesouros. Então Elfie ofereceu-lhe uma chave e murmurou-lhe ao ouvido um segredo. Disse-lhe ela: - Esta chave abre o baú encantado que se encontra escondido nesta árvore. Ao abrires o baú sairá de lá uma luz muito forte, feita de todas as cores do arco-íris Essa luz irá espalhar-se em todas as direções Mas o que faz essa luz, perguntou-lhe Leo. Elfie, que começava a desaparecer da sua vista respondeu-lhe:
- Esta é a luz que iluminando todas as casas, faz o coração encher-se de amor. Adeus pequeno Leo.
Subitamente, ouviu-se uma voz vinda de longe.
- Leo, onde estás?
Assustado, abriu os olhos e reparou que tinha adormecido no sótão da sua casa. Quando viu a mãe ficou tão contente que se abraçou a ela. Esta, levou-o para a sua cama e acariciou-lhe os cabelos. Cheio de sono Leo ainda lhe perguntou:
- mamã, amanha posso dar alguns dos meus brinquedos aos meus amigos?
21 novembro, 2010
Já nas bancas: O espelho mágico da ursinha Lola

A ursa Lola era grande e muito peluda. A sua cauda curta e as suas orelhas pequenas e arredondadas davam-lhe um ar delicado.
Pesava 300 quilos, pois era muito comilona e media
Esta ursinha tinha muitos amigos e amigas e cada um deles tinha uma certa particularidade. O pássaro por exemplo, passava o dia a cantar; o peixe mergulhador era conhecido pelas suas belas barbatanas azuis, o pavão era o mais vaidoso, por causa da sua cauda colorida e por fim, a menina-nuvem, era muito brincalhona e tinha os cabelos compridos, feitos de pedaços de nuvem branca.
Certo dia, estava Lola numa dessas conversas com o espelho mágico, quando de repente começaram a acontecer coisas muito esquisitas.
Dizia ela:
- Se eu tivesse asas como os passarinhos, passaria os dias a voar e a saltitar; poderia ir para cima das árvores mais altas e dos montes longínquos. Imediatamente cresceram-lhe umas asas cor-de-laranja enormes que, cintilavam no escuro.
Lola nem queria acreditar naquilo que os seus olhos viam.
Toda contente e nunca satisfeita, continuou:
- Ai, se eu pudesse nadar como os peixinhos, poderia mergulhar nas águas dos lagos, dos rios e do mar e ficar lá no fundo o tempo que me apetecesse. Nesse preciso momento, nasceram nas suas pernas umas barbatanas azuis muito brilhantes.
O entusiasmo de Lola era cada vez maior e por isso continuou a lamentar-se:
- Olhem para mim...nem uma cauda de jeito eu tenho. Os pavões, esses sim, têm lindas plumagens, cheias de cores e feitios. Como que por magia, nasceu-lhe uma cauda muito comprida a arrastar pela terra, semelhante à de um pavão.
A ursa Lola sentia-se cada vez mais eufórica com estas mudanças e já que o espelho parecia concretizar todos os seus desejos, decidiu pedir um último.
- Espelho mágico, se eu tivesse uns cabelos compridos feitos de pedaços de nuvem, como a menina que costuma vir passear para o bosque, então é que eu ficaria linda; poderia fazer penteados diferentes todos os dias. Mal tinha acabado de dizer a última palavra e já uns fios de cabelo, nasciam na sua cabeça com tal rapidez que num instante, chegaram a meio das costas.
Muito contente consigo própria e confiante de que seria agora a mais bonita da floresta, decidiu ir dar um passeio para que todos a pudessem ver e admirar. Pelo caminho encontrou a menina-nuvem que cheia de espanto lhe disse:
- Ah…o que é que te aconteceu? Não pareces a mesma ursinha vaidosa que estou habituada a ver. Estás muito estranha. Pareces…pareces… uma foca com asas. E dito isto, deu uma enorme gargalhada. Lola não ficou nada contente com este comentário, pois não se achava nada parecida com uma foca. Além disso, as focas cheiravam a peixe e ela cheirava muito bem; tinha até um frasquinho de perfume feito com as mais belas flores da floresta. Aborrecida com as palavras da menina, virou costas e continuou o seu passeio. Mas todos os comentários dos amigos que encontrou, a aborreceram.
- Tens uma voz muito desafinada para seres um passarinho, disse o pássaro;
- Que pena, disseram o peixe e o pavão, tinhas um pelo azul tão bonito. Agora com barbatanas e cauda, queremos ver como é que vais poder correr e trepar pelas árvores como gostas tanto de fazer!
A ursa Lola ficou tão triste que resolveu voltar para casa. Ao olhar novamente para o espelho e muito zangada disse-lhe:
- Desde que te conheci, só me aconteceram coisas más; agora até os meus amigos gozam comigo e perguntam o que me aconteceu. Estou mesmo diferente, tão diferente que nem pareço uma ursa. Gostava tanto de voltar a ser como era antigamente: não ter asas, nem barbatanas, nem cauda e muito menos cabelo. Nasci uma ursa e assim quero viver. Nesse instante caíram sobre ela mil estrelinhas prateadas que a fizeram adormecer profundamente. Lola ainda ouviu uma voz dizer “neste espelho te olharás e ao pedires o teu desejo, nele te transformarás”
13 outubro, 2010
A necessidade de magia na criança.

Tanto os mitos como os contos de fadas respondem às eternas perguntas: "o que é o mundo verdadeiramente? Como vou eu viver a minha vida nele? Como poderei ser verdadeiramente eu próprio?" As respostas dadas pelos mitos são definitivas, enquanto o conto de fadas é meramente sugestivo; as suas mensagens podem insinuar soluções sem nunca as relatar. os contos de fadas deixam à fantasia da criança a decisão se deve (ou como deve) aplicar a si própria o que a história revela sobre a vida e a natureza humana.
O conto de fadas procede de uma forma que se conforma com a maneira de pensar da criança e com aquilo por que ela vive. e é por isso que o conto de fadas é para ela tão convincente. Ela pode obter muito mais conforto de um conto de fadas do que dos esforços intelectuais e racionais dos adultos para a tranquilizarem. A criança confia no que dizem os contos de fadas porque o mundo destes está de acordo com o seu.
Seja qual for a nossa idade, só uma história que seja conforme com os princípios subjacentes ao nosso pensamento tem força para nos convencer. Se isso é assim para os adultos, que aprenderam a aceitar que há mais de um quadro de referência para se compreender o mundo - se bem que achemos difícil, senão impossível, compreendermos verdadeiramente outros quadros diferentes dos nossos -, isso é particularmente verdadeiro para a criança. A sua maneira de pensar é animista*.
Para a criança não há uma linha divisória clara a separar os objectos das coisas vivas; e o que quer que tenha vida tem uma vida muito parecida com a nossa. Se não entendemos o que o que as rochas, as árvores e os animais têm para nos dizer, é porque não estamos suficientemente harmonizados com eles. À criança que tenta compreender o mundo parece-lhe razoável esperar respostas dos objectos que aguçam a sua curiosidade. E, como é egocêntrica, espera que o animal fale de coisas que sejam realmente significativas para ela, como os animais dos contos de fadas, do mesmo modo que a própria criança fala com os seus animais reais ou os brinquedos. A criança está convencida de que o animal compreende e sente com ela, apesar de o não mostrar abertamente.
Como os animais vagueiam livremente pelo mundo, é natural que estes animais possam guiar o herói na sua demanda, que os leva a locais distantes. Como tudo o que se move está vivo, a criança pode acreditar que o vento possa falar e levar o herói para onde pretende ir. Para o pensamento animista, não são apenas os animais que sentem e pensam como nós, mas até as próprias pedras estão vivas; ser transformado em pedra significa simplesmente que se tem de permanecer silencioso e imóvel por algum tempo. Pela mesma lógica, é inteiramente aceitável que objectos, anteriormente silenciosos comecem a falar, a dar conselhos e a juntar-se ao herói nas suas digressões.
Quando as crianças, como os grandes filósofos, procuram as soluções para as grandes perguntas da vida – “quem sou eu? Como devo ocupar-me dos problemas da vida? O que é que eu vou ser na vida? – fazem-no com base no seu pensamento animista. Mas como a criança está insegura daquilo em que consiste a sua existência, surge a pergunta: Quem sou eu?”
Os contos de fadas fornecem as respostas a estas prementes questões, de muitas das quais a criança só toma consciência à proporção que vai seguindo os contos.
Psicanálise dos contos de fadasBruno Bettelheim
_______________________________
*Animismo: a criança atribui características humanas a seres inanimados. Este animismo vai desaparecendo progressivamente e aqui salienta-se a importância do papel do adulto, na medida em que, a partir, sensivelmente dos cinco anos, não deve reforçar, mas sim atenuar o animismo.
O Espelho mágico da ursinha Lola

Nova Estória ****
Sai na Revista "Coisas de Criança" em Novembro.
texto: Alice Laranjeira
ilustrações: Patrícia Sousa
01 setembro, 2010
Luna, a menina que via monstros dentro do armário!

Luna tinha 5 anos e vivia numa casa com jardim, situação rara, pois hoje em dia quase nenhum menino ou menina mora numa casa assim. Habitava com o pai, a mãe, o gato Ronrom, a tartaruga Mica, o rato Miau e o ursinho cor-de-rosa Plim. Esta menina gostava muito de brincar com as pedrinhas da terra, de molhar os pés na água do lago e de andar descalça pela relva. A mãe (como todas as mães) passava os dias a chamar-lhe a atenção, pois receava que ela ficasse doente. Mas era tão bom brincar assim, que mal a mãe virava as costas, Luna voltava a descalçar-se, a molhar os pés e a correr atrás das pombas e pássaros – ela achava que eles brincavam com ela às corridas, mas de facto, eles tinham muito medo dela.
E todos os seus dias seriam assim especiais, se não fosse um pequeno pormenor… a noite chegar e ela ter de ir dormir. Quando a mãe fechava os estores era o sinal de que em breve teria de ir para a sua cama descansar e isso não era nada bom para ela. Sabem porquê? Começava a ouvir sons que vinham de dentro do armário do seu quarto – por vezes eram canções, outras vezes gargalhadas. Luna achava que dentro do seu armário havia monstrinhos que saíam de lá quando ela adormecia. Durante a noite ela não podia dormir com os pés ou as mãos de fora; tapava-se e só deixava o nariz à espreita para poder respirar. Sabem o que é que acontecia? Os monstrinhos vinham fazer-lhe cócegas nos pés, mas ela como tinha muito medo, imaginava que eles vinham buscá-la e levá-la para muito longe do aconchego da sua casa, dos seus brinquedos e dos seus pais. Então, quando isso acontecia, chamava pelos pais ou corria para a sua cama abraçando-se a eles com muita força. Sentia-se muito bem assim e o medo desaparecia.
O que ela achava mais intrigante nisto tudo, é que todos os dias antes de se deitar costumava abrir o armário para ver se descobria alguma coisa, mas o que via era sempre o mesmo – as suas roupas, sapatos e outras coisas mais. Nada de especial ou assustador.
O que é que ela haveria de fazer para resolver este mistério? Tinha tanto medo, que quando fechava os olhos, só via a cara dos monstrinhos do armário a olhar para ela. Eram feitos de esponja preta, tinham uns olhos vermelhos que mais pareciam duas gomas de morango e cheiravam a borracha. Mexiam-se muito rápido e andavam sempre a pular de um lado para o outro. Pois vejam só o que aconteceu. Certa noite, estava a nossa amiga Luna já deitada e tapada até ao nariz, quando de repente ouviu uma voz a chamar por ela – Luna, Luna….
Ela tremeu dos pés à cabeça. Quem é que estaria a chamar por ela? Bem, mas apesar de ter medo, Luna era uma menina muito curiosa e agarrando-se à sua almofada verde, não resistiu e saiu da cama. De repente, ouviu o barulho de um tambor: tum, tum, tum e alguém a dizer: Luna, não me apanhas, não me apanhas, não me apanhas e a seguir muitas gargalhadas. Cada vez mais intrigada, aproximou-se do armário, pois tudo isto parecia estar a acontecer ali dentro. No meio do escuro, só com a luzinha de presença que a mãe deixava ligada, ela olhou para o armário e a porta do lado esquerdo estava entreaberta. A porta abriu-se e ela arregalou os olhos. Nem vão acreditar no que aconteceu… uma mão comprida e fininha saiu de lá e ofereceu-lhe um chupa-chupa de morango, que por sinal até era o seu favorito. Ela sorriu de espanto e parecendo ter-se esquecido do medo que sentia, perguntou-lhe o nome. Chamo-me Delfim, respondeu ele a cantar. O monstrinho parecia uma pessoa em miniatura; era baixinho, tinha umas orelhas pontiagudas, nariz vermelho, barbas compridas e usava na cabeça um chapéu alto em forma de triângulo. O mais bonito era o seu sorriso maroto. Delfim explicou-lhe que todas as noites se sentia um pouco só e por isso ia fazer-lhe cócegas nos pés, para que ela brincasse com ele. Mas todos os dias ficava triste pois ela, nunca queria brincar com ele e pior que isso, tinha medo dele. Ela começou a perceber….realmente um monstrinho que lhe oferecia um chupa-chupa, não poderia ser assim tão assustador como tinha pensado inicialmente. Então, combinou com o Delfim, que a partir daquele dia e quando estivesse a dormir, ele poderia chamá-la e juntos passariam a noite a inventar brincadeiras.
E a partir daquele dia e como que por magia, Luna reparou que tinha deixado de ter medo do escuro. Afinal, agora tinha um novo amigo.
FIM.
05 julho, 2010
As travessuras de Lili.

A Fada Luminosa.
Eliana tinha sido noutros tempos uma menina que gostava de passear pelos campos floridos da primavera. Quando chovia, refugiava-se por detrás da janela do seu quarto a imaginar se conseguiria saltar entre um pingo e outro de chuva, sem se molhar. Ela achava que com um pouco de paciência e rapidez, isso seria possível.

02 julho, 2010
O Melro que queria ser cantor.
